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O que as agências de tradução não contam aos tradutores…

Apesar do título aparentemente polêmico, o objetivo desse artigo é auxiliar os tradutores a perceber como as agências de tradução pensam e agem. Certamente os tradutores muitas vezes se perguntam: “Por que a agência X não me chamou mais para fazer nenhum trabalho?”, ou “Por que a agência Y nunca me mandou nada apesar do meu excelente currículo e experiência?” Bom, talvez a leitura dos itens abaixo ajude a esclarecer essas e outras dúvidas.

1. Sim, nós temos os nossos preferidos.

O segredo do sucesso de qualquer agência é o relacionamento que ela possui com seus tradutores. Este relacionamento é construído ao longo do tempo, e envolve características como comprometimento e confiança. As agências geralmente enviam um pequeno serviço de tradução para aquele tradutor com o qual estão trabalhando pela primeira vez. O objetivo é “testar” a qualidade do serviço e a pontualidade. E, se tudo der errado, ainda dá tempo de enviar o trabalho para outro profissional. Uma vez que o tradutor tenha “passado” nesse primeiro teste, receberá um segundo trabalho maior e assim sucessivamente, até receber grandes volumes.

Enviar um grande projeto para um tradutor não testado é muito arriscado. As agências certamente não farão isso, a não ser em casos de total desespero. Portanto, os tradutores testados e com os quais as agências já possuem um “relacionamento” têm preferência. Em outras palavras: quanto mais o tradutor traduz para uma determinada agência e conquista sua confiança, mais trabalhos receberá.

Há outra questão a ser considerada: a disponibilidade. Faz sentido para a agência de tradução tentar manter o seu tradutor sempre (ou constantemente) ocupado com seus trabalhos. Não há nada pior do que ligar para um tradutor e ouvir que ele já está ocupado com projetos de terceiros. Portanto, é natural que as agências concentrem os trabalhos em um menor número de tradutores para estreitar o relacionamento com eles. Isso ajuda a explicar por que alguns tradutores recebem tantos trabalhos de uma determinada agência enquanto outros reclamam por não receberem quase nada.

2. Queremos ser tratados como um “cliente direto”.

Alguns tradutores parecem diferenciar agências e clientes diretos. Eles pensam da seguinte forma: “já que estou trabalhando para uma agência, sei que ela vai revisar o meu texto”. Ou ainda pior: “como a agência está pagando menos que o meu cliente direto, não vou me esforçar tanto nas minhas pesquisas…o revisor deles que se vire”. Esta maneira de pensar reflete-se diretamente na qualidade da tradução. E as agências certamente percebem isso. Fica claro que alguns tradutores capricham menos quando o trabalho é realizado para uma agência versus um cliente direto ou final.

Como as agências utilizam critérios comparativos para contratar tradutores, aqueles que se esforçam mais, pesquisam mais e entregam um serviço que exige pouca um nenhuma revisão certamente terão preferência.

3. Deslizes na tradução são perdoáveis, atrasos não!

Se há um pecado mortal no mercado de tradução, ele se chama atrasar a entrega da tradução. Trata-se de algo imperdoável, injustificável, salvo em casos de força maior, como, por exemplo, o falecimento do próprio tradutor!

Os tradutores freelancers muitas vezes não conseguem dizer não. Eles temem perder o cliente se recusarem o trabalho. Resultado: aceitam mais serviços de tradução do que são capazes de entregar, e aí o estrago já está feito.

Na nossa empresa, temos uma lista negra de tradutores que atrasam. Eles, infelizmente, não serão mais chamados. Alguns traduzem muito bem, mas não podemos correr o risco de atrasar a entrega de uma tradução.

Portanto, fica o alerta para os tradutores: organizem suas agendas, trabalhem com inteligência e, se tiverem que recusar um serviço, façam isso (é melhor do que aceitar e não conseguir entregar no prazo ou fazer a tradução às pressas e entregar um serviço de má qualidade).

4. Arquivo alterado, serviço estragado.

 Não há nada mais irritante do que o tradutor alterar a formatação original de um documento; mas, por incrível que pareça, isso acontece com mais freqüência do que muitos imaginam. Se enviamos um documento em Word com fonte Arial 10, queremos recebê-lo de volta com fonte Arial 10 e não Times New Roman 12. Parece óbvio, mas não é. Alguns tradutores teimam em alterar negritos, itálicos, fontes, espaçamentos, etc. Isso gera um retrabalho inútil e pode comprometer o prazo de entrega.

Por que os tradutores fazem isso? Aparentemente por não dominarem suas ferramentas mais básicas de trabalho: o pacote Office e os programas de gerenciamento de memórias de tradução.

Temos um tradutor que insiste em dizer que seu Trados é incontrolável e altera as formatações do Word, colocando negritos onde não devia e excluindo-os dos locais corretos. Parece bizarro, mas é verdade.

5. O tradutor deve como um sacerdote no que tange à confidencialidade.

Ao se confessar a um padre, o fiel certamente tem a certeza de que aquilo que disser morrerá com o sacerdote. O mesmo vale para o tradutor: as informações que ele recebe da agência de tradução devem morrer com ele.

A confidencialidade é um aspecto muito sensível do mercado de tradução. As agências procuram se resguardar, assinando contratos de confidencialidade com seus respectivos tradutores. E a esmagadora maioria dos profissionais respeita esses acordos de confidencialidade. Aqueles que não o fizerem estarão cometendo uma infração grave.

Temos visto exemplos de violações parciais da confidencialidade, como, por exemplo, tradutores que mencionam em seus currículos detalhes de projetos que realizaram para uma determinada agência. Em outras palavras, em vez de mencionar que prestam serviços para a agência de tradução X, eles colocam o nome dos clientes dessa agência e algumas vezes até detalhes do projeto realizado. Pode parecer besteira, mas não é, uma vez que algumas empresas exigem não ser citadas como clientes.

O mero indício de uma possível violação da confidencialidade certamente levará as agências a não contratar os serviços dos profissionais infratores.

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